~Lá vai eu me lamentar e novo~ (rascunho que estava perdido aqui)


Final dos meus 17 anos. 6 meses e 26 dias morando com minha mãe.
Sempre pensei que moraria com minha avó até eu conseguir minha independência, na verdade eu planejava isso com ela quando estávamos de bom humor, era tão bonitinho, falávamos que eu ia casar, ela dizia que eu conheceria meu namorado na igreja como minha tia e ela me veria casar de véu e grinalda entrando pela nave da igreja. Quando saíamos juntas e passávamos por casinhas com placas de "vende-se" e "aluga-se" ela olhava para mim e dizia qual gostava mais, como seria o interior e tudo que eu precisaria.

Eu ria.

Mal sabia que tudo iria acabar.

Posso estar sendo muito melancólica, ela não morreu, sem querer posso ter passado essa impressão mas para mim é como se tudo tivesse morrido.
Minha avó foi internada, já devo ter contado para vocês como eu sofria com os problemas dela com bebida, ela saia e sumia eu ficava dias sem saber notícia dela, as vezes eu simplesmente dormia e acordava no dia seguinte ela estava na cozinha ou na sala jogada. Era um baque.
Isso teve um fim em fevereiro, ela saiu e sumiu por alguns dias, eu pirei, quem acabou bebendo fui eu, tive a notícia depois de que ela havia batido o carro e quase atropelado uma senhora e com isso havia surtado de vez, minha família que nunca houvera acreditado em minhas palavras e souberam pelos policias ficaram desacreditados, reação: internação de minha avó/mãe e minha mudança para casa dos meus pais (no qual eu jamais havia morado).

Foi ai que meus maiores pesadelos se tornaram realidade, nunca me dei bem com minha mãe e não posso dizer o porque.
De uns tempos pra cá as coisas começaram a sair do controle, as intrigas entre minha mãe e eu começaram a se tornar mais do que brigas e isso realmente é um problema, a minha convivência na casa dela deixou de ser uma estadia e passou a ser uma questão de sobrevivência, sim, cada dia eu 'luto' pela minha sobrevivência naquela casa. Cheguei a falar para minha tia que eu preferia morar na rua e sentir medo de um estranho do que continuar naquela casa e ter medo da minha própria mãe (se é que posso chamar uma pessoa assim de mãe), pra variar ela não me ouviu...

Ao passar dos dias as coisas pioravam, a esperança de viver e ter um futuro promissor ia se esvaindo, eu apenas desejava estar próximo a minha avó de novo... Aquele triste ditado "aprendemos a dar valor só quando perdemos" me fez muito sentido nessa época, passei a minha vida ignorando minha avó, fazendo de tudo pra sumir de perto dela, brigando e reclamando e quando a "perdi" vi o quanto eu precisava dela, o quão importante ela era para mim...
Minha avó, minha melhor amiga, minha mãe e meu porto seguro.



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